capa: Libertação é teshuvah

A certeza de estar no caminho certo não tem preço. E a sensação de que "tem alguma coisa errada" ou "não pode ser só isso" de-sa-pa-re-ceu completamente. Amando ser livre.



Libertação é
teshuvah
Continuação de Libertação é confissão de pecados


Débora Vitório De Bonis




O que é teshuvah

“Teshuvah (em hebraico, literalmente retorno) é a prática de voltar às origens da [Torah, Pentateuco]. Também tem o sentido de se arrepender dos pecados de maneira profunda e sincera.” (Wikipédia)
"Teshuvah é isso! Retorno à verdadeira essência; regresso aos braços do 'Abba' e nisso não há mágica – há persistência – pacientemente, corajosamente – um passo de cada vez, porque o caminho é estreito e a subida é íngreme; permanecer, portanto, é o desafio!" Moishe Ben Levy

Teshuvah X libertação
Teshuvah sem libertação não funciona. Não adianta parar de fazer as coisas erradas e passar a fazer as certas, não adianta começar a cumprir a Lei e não consertar o passado, ou seja, o início da teshuvah deve ser a libertação, confessar os pecados do passado, reconhecer que errou, e então, depois de confessar, começa o processo de teshuvah, do retorno à Torah, de obediência às leis do Eterno. Teshuvah e libertação devem caminhar juntas.

Teshuvah é restauração, retorno às raízes, retorno ao original
‎"Reforma ou restauração de casas antigas – atenção para as diferenças! Na restauração tudo tem que ser mantido exatamente igual ao original, sobretudo a fachada, ... sempre com cuidado para não alterar as configurações e o estilo do imóvel. Já na reforma você pode aproveitar o que gosta e adaptar tudo aquilo que precisa para que a casa fique como você sonha... com ares mais contemporâneos." (Blog Casos de Casa). "Restauração é a arte de reconstruir, preservar e conservar uma obra de arte em sua forma original." (Oficina de Restauro Regina Célia Sabó)

Uma explicação do porquê pessoas do mundo todo estão fazendo teshuvah (retorno à Torah), do "nada" são conduzidos à obediência aos mandamentos do Eterno: "Esta é a aliança que farei com a comunidade de Israel depois daqueles dias", declara o Eterno: "Porei a minha lei no íntimo deles e a escreverei nos seus corações. Serei o Elohim deles, e eles serão o meu povo." Jr31.33

Lembrando que o pecado é a transgressão da Torah 
Segundo o dicionário Houaiss: "Pecar - cometer pecado, transgredir lei religiosa. Ex.: foram punidos porque pecaram (contra as leis de Deus)."




Obs.: O livro está pronto e está todo publicado aqui em forma de livro, ou seja, em ordem de sequência dos capítulos. Não está em forma de blog, quando os textos são apresentados em ordem inversa. E textos novos não entram nos capítulos, são colocados no final do livro, como apêndices, e em destaque na lista de Destaques, no menu à esquerda.

Prefácio

Prefácio 



Muitos têm sido abençoados por causa da minha experiência de libertação. Tenho recebido testemunhos de pessoas de várias partes do Brasil que leram meu primeiro livro e estão sendo transformados. Mas paguei um preço por isso. Muitos "amigos" me abandonaram, muitos da família me chamaram de maluca, fanática e outros adjetivos, muitos do sistema religioso me viraram as costas, alguns fingiam até que não me conheciam. Mas o que me movia era o Eterno, e entendi que era a Ele que devia obedecer. Hoje vejo o resultado de tudo e digo que valeu a pena. Se fosse apenas uma vida transformada, já teria valido a pena.

Consegui enfim entender algumas características em mim, porque descobri que tenho o dom de profecia. E existem vários tipos de profeta. E sou do tipo mais desprezado de todos, porque o povo hoje não quer ouvir sobre pecado, quer viver no "não tem nada a ver" e continuar comendo as comidas do mundo, vivendo os prazeres do mundo. Não quer ouvir a mensagem de "arrependam-se", mas é essa mensagem que prego.

Estou procurando trabalhar esse dom na minha vida, mas não é muito fácil. Talvez se eu fosse como Eliseu e morasse no monte e só me manifestasse quando procurada, rsrs. Mas tenho que conviver aqui, com tudo isso acontecendo á minha volta e é difícil ficar calada e acabo ganhando alguns "inimigos", e nem sei se devo me calar, porque vou dar conta disso também, de não ter alertado ao povo. Enfim, tenho sentido na pele o que é ser profeta e não ser bem recebido em sua própria casa e o quão solitário é esse dom. Viver na eterna dúvida: falar e a pessoa ficar magoada comigo, porque pensa que é pessoal e ataca o profeta (na Bíblia muitos reis mandavam matar ou prender os profetas), ou não falar e sentir o puxão de orelha do Pai... Vida de profeta não é fácil... que dureza ("quer ouçam, quer deixem de ouvir...").

Pedido de perdão - A verdade sobre filhos e adoção de crianças

Pedido de perdão
A verdade sobre filhos e adoção de crianças
Explicando uma "mancha" no meu passado



Muito antes de sonhar em me casar, desde adolescente, bem novinha mesmo, senti o desejo de um dia adotar uma criança. Toda vez que ouvia nos telejornais sobre orfanatos ou quando via crianças moradoras de rua, pensava comigo que seria tão bom se eu pudesse ajudar a pelo menos uma dessas crianças. Não posso ajudar a todas, mas pelo menos uma eu gostaria muito de poder acolher um dia. E passei a dizer isso às pessoas, que um dia eu adotaria uma criança e que seria a minha boa ação à sociedade.

Só que na minha cabeça sempre pensei em uma criança com mais de cinco anos, porque são crianças que pucos querem. O meu desejo sempre foi de ajudar e não preencher qualquer vazio em mim. É, sempre fui meio do contra mesmo, então...

Aí cresci, quer dizer, fiquei mais velha, a vida foi passando e um dia conheço aquele com quem me casaria. E antes de nos casarmos conversei com ele sobre esse meu sonho de adotar uma criança. Ele concordou em fazer parte disso, pois também pensava do mesmo modo, e assim começamos nossa vida a dois.

Mas depois de dois anos de casados descobrimos que, segundo a medicina, não podíamos ter filhos naturais. Creio que há várias causas para isso, mas a principal é que desde adolescente também eu dizia que não queria ter filhos – o motivo é outra história que não me convém falar aqui –, o fato é que eu declarava e repetia isso muitas vezes. Incoerência de uma mente adolescente, totalmente explicada dentro do contexto de influência de um espírito de rejeição, mas isso é outro assunto, como já disse. E como palavra tem poder... eis a principal razão de não termos filhos. Apesar de ter reconhecido, pedido perdão, a consequência ainda não foi retirada, vide a história do rei Davi.

Claro que como todo casal pensamos em outras possibilidades, como inseminação artificial (totalmente descartada depois da libertação) e também adoção. Mas realmente nunca fomos desesperados sobre esse assunto. Nossos muitos sobrinhos nos ocupavam a mente, o coração e o bolso, então estávamos felizes assim e, eu principalmente, mimando e paparicando os lindinhos dos titios. Não havia um vazio no nosso casamento. Às vezes falávamos sobre isso, em quem sabe um dia, mas sem ansiedade.

Com o passar dos anos a adoção ficou em modo de espera, porque havia uma divergência de opinião sobre a idade da criança a ser adotada, apesar do meu antigo desejo. E fomos levando a vida.

Um belo dia e em momentos de crises diversas descobrimos libertação e mergulhamos nesse assunto – e essa história está toda no meu primeiro livro, não preciso repetir aqui.

Com nossa nova missão de levar pessoas aos seminários de libertação, um dia recebi uma profecia em um desses seminários – que acreditei ter vindo mesmo do Eterno – de que teríamos duas crianças, uma natural e uma adotada. O contexto dessa profecia é bem intenso, bem sobrenatural e o assunto é grande, complexo e particular para ser tratado aqui.

Mas eu, que fui criada em um contexto religioso tradicional, marinheira de primeira viagem nessas coisas de profecia e sobrenatural, e contaminada por falsos ensinamentos de religiosos do “decreto espiritual”, achei que bastava decretar e declarar que aquilo aconteceria imediatamente. Não parei para pensar que poderia ser para dali a dois, três, cinco anos. E desenvolvi uma gravidez psicológica (já pedi perdão publicamente sobre isso, em uma reunião com alguns amigos e familiares e também no meu blog).

Isso nos abalou um pouco, mas não a ponto de nos abater e desistir do ministério ou das promessas do Eterno para nossas vidas. Buscamos discernimento e entendemos alguns porquês de tudo aquilo ter acontecido, mas são respostas apenas para nós dois e não para serem compartilhadas.

A partir desse momento voltamos a falar sobre adoção e entramos em um acordo sobre a idade da criança, mas fiz um pedido ao Eterno. Eu disse a ele, e passei a orar assim, que nós não iríamos procurar uma criança, queríamos que ele nos mostrasse, nos enviasse, e que tomasse todo o controle desse assunto.

Cerca de dois anos depois dois sobrinhos nossos precisaram da nossa ajuda e vieram morar conosco. Eles foram tratados como se fossem filhos, nos privilégios e nos deveres também, exatamente como faríamos com nossos filhos legítimos. Cuidamos, educamos, investimos na saúde, aparelho dentário, vestuário, em cursos, enfim, foram tratados como filhos verdadeiros.

E nós chegamos a pensar que eles eram os adotivos que o Eterno havia nos enviado. E dizíamos que ele havia mandado dois e não apenas um como pensávamos. E procuramos realizar nossa missão da melhor forma possível.

Mas um dia eles foram embora, ficaram oito meses conosco, e foram morar com outra pessoa da família, porque eles decidiram assim, nós não desistimos ou mandamos embora, eles simplesmente preferiram não continuar conosco. E assim foi.

O que preciso esclarecer é que nunca, de forma alguma, eles vieram para preencher algum vazio no nosso coração ou casamento, porque nós não temos esse vazio, não existe isso. Somos felizes e completamos um ao outro e temos o Eterno, que nos basta totalmente e estamos entregues a ele e a sua vontade boa, agradável e perfeita.

E em momento algum, depois que eles foram embora, ficamos com esse sentimento de vazio pela falta de filhos, não mesmo. Ficamos com saudades deles, sim. Mas isso foi tudo.

O que aprendemos? Que eles podem ter sido mesmo os adotivos que o Eterno nos mandou, mas que nossa missão teve um tempo determinado, não era para toda vida. E que ainda poderíamos receber outros adotivos que o Eterno quisesse nos mandar, como já aconteceu de novo depois daquela primeira experiência, mas também com tempo determinado.

Somos servos e queremos obedecer e fazer a vontade do Pai. E ele tem todo o controle da nossa vida. E estamos muito tranquilos em relação a esse assunto. Volto a dizer, não há vazio no nosso casamento por não termos filhos. Temos paz.

Infelizmente algumas pessoas não sabem disso, imaginam coisas que não existem e saem por aí espalhando mentiras. Por isso resolvi esclarecer mais uma vez sobre um assunto que muitos preferem não entender e continuam criando versões mentirosas, simplesmente porque não vêm até mim e perguntam o que houve, sei lá, têm medo de tocar na “minha ferida”, mas não existe ferida, não sei de onde inventam essas coisas.

Seria tão mais fácil se me perguntassem e esclarecessem toda a situação. Mas o ser humano gosta mesmo é de complicar, de fofocar, fazer o quê? Meu papel é esclarecer e fica aí a verdade para quem quiser saber.

Minha vida é um livro e um blog abertos, mas mesmo assim ainda falam mentiras sobre mim, enfim...

P.S.: Sobre evitar filhos - Uma coisa é uma coisa, outra coisa é outra coisa. Quando falo minha opinião sobre evitar filhos as pessoas me olham atravessado, quando eu ainda era da igreja e falava disso, as mulheres quase me batiam. Acho que também me olhavam pensando que era fácil eu falar, porque eu não podia ter filhos. Mas uma coisa é NÃO PODER, outra coisa é NÃO QUERER.
O fato é que não há na Bíblia nenhum respaldo para evitar filhos. Há um caso de coito interrompido, mas o homem foi castigado com a morte. Casar e não ter filhos sempre foi maldição, só no nosso tempo é que virou "bênção". E muitas mulheres na Bíblia não podiam ter filhos, aí oravam por anos, e enquanto elas não engravidassem, não estavam felizes. E interessante é que muitos desses filhos que demoraram foram grandes líderes. Enfim, a Bíblia manda crescer e multiplicar. E isso vale até hoje.
Todos nós conhecemos casos de religiosas que casam e não querem filhos, e depois de 10 anos de casadas resolvem que agora ELAS querem, e aí não conseguem engravidar, e correm para as clínicas de fertilização, e as clínicas agradecem $$$$.
Enfim, sei que não fomos educadas assim, muito menos no sistema religioso, mas se pensarmos friamente, o correto é isso, casar e ter filhos, é o natural da vida. "O homem nasce, cresce, reproduz e morre."

No paradoxo da situação, há um grande grupo religioso que não permite que a mulher evite filhos e eles dizem que vão conquistar o mundo por serem um grande número de seguidores. E eles estão atingindo seus objetivos. Enquanto isso as "crentes" não querem ter filhos. E o filme Idiocracy, tem uma visão muito interessante sobre casais que não querem ter filhos, e a teoria do filme é que os inteligentes não tinham filhos enquanto os não tão inteligentes iam enchendo o mundo de filhos, até que a sociedade ficou completamente emburrecida.

Introdução - O que mudou depois da teshuvah?

O que mudou depois da teshuvah?


“A experiência que tive nos momentos de comunhão com o Eterno tornou repulsivas todas as coisas que não estavam de acordo com Ele.” Frank Laubach
"O homem que tem uma experiência nunca ficará à mercê daquele que só tem argumentos." "Então, eu tive aquele encontro com o Eterno do qual nunca me recuperei". Tommy Tenney



Quem acompanha meu blog pode estar pensando que não creio em mais nada sobre libertação ou que abandonei tudo que escrevi no meu livro depois que comecei a fazer o retorno à Torah, teshuvah. Mas não é nada disso. Praticamente tudo do meu livro eu ainda creio e sigo. Mudou muito pouca coisa. Porque libertação tem tudo a ver com teshuvah, com retorno à Torah. Inclusive na Torah tem até um dia inteiro por ano para fazer uma faxina espiritual, que é Yom Kipur, o Dia do arrependimento. Então, confessar pecados tem tudo a ver com Torah.

Sim, alguma coisa realmente mudou. E uma delas é o entendimento sobre dízimo e vou falar mais à frente sobre isso. Mudou também o entendimento sobre conquista de cidades. Isso mudou radicalmente. Não creio mais em unidade dos evangélicos. E o último evento de intercessores que participei foi a gota d'água para que eu perdesse a fé em rede apostólica, torres de oração etc.

Eu era militante de conquista de cidades. Os vídeos Transformações eram uma inspiração e sonho. Comecei a campanha Um minuto pelo Rio e inciei uma torre de oração na minha região. Enfim, eu era ativista de carteirinha de unidade e transformação.

Mas quando comecei a fazer teshuvah de maneira mais completa, algumas coisas começaram a me incomodar. Uma delas foi sobre alimentação, e isso ficou muito claro em um evento interdenominacional que participei e fiquei quase sem ter o comer no almoço, porque em quase todos os pratos servidos havia carne de porco (linguiça, presunto etc), esse incidente está relatado no meu blog.

A cada reunião da torre que participava e cada e-mail sobre o assunto que recebia, eu ia ficando mais e mais inquieta sobre essa questão da unidade. Eu não me sentia em unidade com pessoas que só aceitavam uma parte da Torah e rejeitavam a outra parte. Não conseguia mais orar junto com elas, não conseguia mais concordar com suas orações.

E hoje não creio mais em unidade. Não nessa unidade que os evangélicos pregam. Porque eles acham que unidade só engloba os evangélicos de uma única linha de pensamento. Mas há evangélicos que seguem outros mandamentos da Torah e que não são seguidos pela maioria, como alimentação e guarda do sábado. Mas esses são excluídos da unidade. E os judeus-messiânicos nem são citados ou convidados para essa suposta unidade.

E hoje para mim, unidade tem outro sentido completamente diferente. Para mim a Torah é a unidade. Eu creio na unidade com Israel, com as festas bíblicas e não pagãs, com o cumprimento da Torah. Hoje entendo que nossa unidade com Israel é o retorno à Torah. A Torah é essa unidade e é nisso que creio hoje.

Por isso não creio mais em conquista de cidades ou torre de oração. Por isso cancelei a torre que dirigia e não participei mais dos eventos de intercessores.

Ainda creio em libertação pela confissão de pecados, mas, como acreditava antes e hoje mais ainda, sou totalmente a favor da autolibertação, sem intermediários. E mais ainda sou contra o exorcismo e ministério do "sai-sai". E mais ainda sou contra o misticismo, os efeitos hollywoodianos e outras práticas estranhas, com muita alma e pouca razão.

E teshuvah sem libertação não funciona. Não adianta apenas parar de fazer as coisas erradas e passar a fazer as certas, não adianta começar a cumprir a Lei e não consertar o passado, ou seja, o início da teshuvah deve ser a libertação, confessar os pecados do passado, reconhecer que errou, e então, depois de confessar, começar o processo de teshuvah, do retorno à Torah, de obediência às leis do Eterno. Teshuvah e libertação devem caminhar juntas.

E estou em busca de toda a verdade e não parte dela. Nesse processo de teshuvah e desconstrução que estou vivendo observei algumas coisas interessantes sobre a verdade.

Nas nossas leituras, pesquisas e muita conversa com o Eterno, percebemos que parece que a verdade foi espalhada pelos vários grupos religiosos, cada um tem uma parte pequena da verdade. Como assim?

Por exemplo, alguém no passado teve a revelação de 10% da verdade e isso começou a aquecer seu coração. Então ele criou um grupo para ensinar a revelação que teve, mas ela não é toda a verdade, é apenas 10%. Como ele não tem os outros 90% da verdade, isso eu que acho, ele inventa um monte de regras e fórmulas humanas – e muitas de inspiração duvidosa. E assim foram criados vários e vários grupos religiosos. Cada um tem uns 10% da verdade, mas não tem humildade para reconhecer os 10% de cada um dos outros grupos e assim completar os 100%.

E a parte cômica e trágica disso é que cada um passou a se achar o dono de toda a verdade e dizer que os outros são hereges, seitas etc etc.

Por isso hoje não me encaixo em nenhum desses grupos religiosos e nem quero criar um outro grupo. Simplesmente estou em busca da verdade por completo e quero montar o quebra-cabeça. Quero encontrar todas as partes espalhadas.

Não quero 10% de verdade e 90% de mentira. Quero conhecer de fato a verdade e ser liberta de verdade. Cada vez mais livre. Amando ser livre.

P.S.: Leia três histórias que ilustram sobre ver só uma parte X ver o todo.

P.S.2: Lembrei-me de outro conceito que foi revisto depois da teshuvah, é o conceito de autoridade. Além de não acreditar mais no ensino de autoridade que o sistema religioso impõe, a tão falada autoridade espiritual, ou seja, que todos devem estar debaixo de uma autoridade humana, não existe isso na Torah, nem no chamado Novo Testamento (não vou discorrer sobre isso, uma simples pesquisa na internet vai trazer muitos artigos sobre o assunto). Além disso, também revi o conceito de submissão ao marido que a religião tanto prega. E também quero pedir perdão pelo que escrevi no meu primeiro livro e ter compactuado com esse ensino deturpado.
Continuo honrando e respeitando meu marido, continuo reconhecendo a autoridade dele e o papel dele na nossa casa. Mas revi completamente a submissão da mulher que Paulo e os líderes religiosos ensinam (leia um trecho abaixo). A Torah não fala sobre isso, e entre Torah e Paulo, fico com a Torah, sempre.
Hoje entendo a tristeza que via nos olhos de muitas mulheres dentro do sistema religioso, por serem podadas, anuladas, impedidas de levantarem voo por líderes manipuladores e invejosos.
Hoje posso entender a tristeza de muitas esposas que se sujeitavam a maridos misóginos porque a religião ensina que elas devem ser submissas. Quantas histórias ouvi de líderes religiosos que batiam em suas esposas. E quem quiser saber mais sobre misoginia, escrevi alguns textos sobre o assunto no meu blog.
O que eu entendo hoje é que homem e mulher têm papéis bem definidos e diferentes. E quando cada um reconhece e assume o seu papel dentro do lar, há harmonia e paz. Muitos vão pensar que regredi, mas não regredi, e sim voltei à origem, ao plano original do Eterno. Para mim está bem nítido que o homem é o provedor e a mulher a administradora do lar, a líder espiritual e educadora dos filhos. Por isso hoje defendo a volta ao lar (leia o livro) para as mulheres, e foi o que eu fiz, e hoje sou dona de casa e complemente realizada e feliz, sem a menor saudade de trabalhar fora, e sem qualquer frustração por ter abandonado a carreira profissional no sentido tradicional, porque continuo exercendo minha profissão de jornalista com meu blog, livro e nas redes sociais. Sim, claro que há casos e casos, mas se a mulher NÃO precisa trabalhar, se ela tem um marido provedor, o lugar dela deveria ser em casa, principalmente educando os filhos. E não estou sozinha, muitas amigas minhas estão vivendo a volta ao lar e também não se arrependem, algumas me dizem que se sentem mais leves assim. Eu também.
Para mim não é mais o marido manda e a mulher obedece cegamente. Para mim ambos têm o seu papel de liderança definido, e cada um deve respeitar a autoridade do outro. E quando isso acontece, não há conflitos. A mulher administra a rotina da casa, e cabe ao marido acatar e apoiá-la, principalmente quando o casal tem filhos, porque o homem precisa dar o exemplo. Normalmente é a mãe que ensina o filho a mastigar com a boca fechada, por exemplo, e muitas vezes ela tem que corrigir o marido primeiro, para que ele dê o exemplo. Se o marido não "obedece", como o filho vai obedecer? Da mesma forma o marido deve comer legumes, verduras e frutas (ah, como tenho visto maridos que não dão esse exemplo, rsrs). E aí cabe a mulher "ensinar" primeiro ao marido. Não tenho a menor dúvida de que a mulher é a educadora do lar, e o marido precisa estar "submisso" a essa função, seguindo a máxima de todos que ensinam sobre educação de filhos, que os pais não devem discordar na frente das crianças sobre a educação delas.
E a liderança espiritual também é papel da mulher, ao contrário do que os líderes religiosos querem nos forçar a acreditar. E por termos acreditado nessa mentira por tanto tempo, hoje temos uma geração de mulheres frustradas, esperando eternamente que os maridos sejam os educadores espirituais do lar, e eles não fazem isso, não é natural deles. A esposa espera que o marido tome a iniciativa, e ele normalmente não toma, porque não está no seu DNA. E a mulher que foi podada pelo ensino mentiroso fica se remoendo por dentro, porque a iniciativa dela quer pular para fora, mas tem medo. As mães foram roubadas de seu papel de liderança espiritual (leia meu desabafo), e isso resultou em lares e filhos desestruturados. Mas quando a mãe assume o seu papel, tudo vai bem. Ela passa a orar com as crianças antes de dormir, ou escala o marido para fazer isso algumas vezes (ela é quem administra, é função natural dela), ela assume a educação espiritual das crianças, ela ora pelo marido o dia inteiro, enquanto ele está na "guerra" do trabalho, e pelos filhos quando estão na escola. Ela ensina a Torah para os filhos, e até para o marido, "andando pelo caminho, sentados em casa". E quando a mulher assume sua liderança espiritual, acaba a frustração e tira o peso das costas do marido.
Cada um no seu papel, cada um na sua função. Sem que um "mande" no outro. Apenas seguindo o que já foi definido no nosso DNA, naturalmente.


Leia o trecho do texto do blog:

"A absolvição das mulheres – Depois que fui apresentada a essa doença [misoginia], as mulheres foram absolvidas e minha visão sobre submissão mudou completamente. Interessante que li um texto recentemente (Mulheres, calem-se?) sobre as deturpações dos ensinos de Paulo sobre submissão e agora ficaram muito mais claros quando entendi a misoginia.

E depois dessas duas revelações, entendi que o ensino da distorcida submissão feminina – e que defendi no meu livro e agora peço perdão – reforça e incentiva a misoginia na família e na sociedade, principalmente no meio religioso.

Hoje percebo que isso roubou o papel correto da mulher e prejudicou tantas crianças, as verdadeiras vítimas de toda essa situação, que cresceram e muitos se tornaram misóginos, de geração em geração. E me revolta que o âmbito religioso tenha sido o maior propagador desse ensinamento totalmente errado.

A mulher tem dentro de si uma força natural de liderança, mas isso foi roubado, podado por essas interpretações distorcidas. Se homens e mulheres compreendessem seu verdadeiro papel e caminhassem em equilíbrio, seria perfeito. Mas aí não estaríamos vivendo nesse mundo decaído. Ainda bem que o Reino do Eterno está chegando para restaurar todas essas coisas."

Capítulo 1 - Minha trajetória de desconstrução

Libertação X Teshuvah

Minha trajetória de desconstrução 



Sei que muita coisa já contei no primeiro livro, mas vou relembrar um pouco da nossa história. Nasci e cresci dentro de um sistema religioso tradicional e minha formação é toda tradicional. Mas no final de 2002 eu tive uma experiência que mudou minha vida para sempre. Estava com depressão e o Eterno me encaminhou para o ministério de libertação. Fui curada da depressão e de muitas outras doenças físicas, emocionais e espirituais. Então mergulhei nesse assunto, que acabou resultando no livro Libertação é confissão de pecados, publicado em fevereiro de 2007.

Depois dessa experiência, ficar na igreja tradicional foi impossível, porque uns 99% não aceitam libertação. Ainda tentamos frequentar uma igreja da mesma denominação, mas não tão tradicional e que estava começando a implantar ministério de libertação. Porém, além de ser longe de casa, nós já estávamos em outros processos de desconstrução que o Eterno estava nos levando, então ficamos pouco tempo por lá. Nesse meio tempo ajudamos uma comunidade não-tradicional perto de casa, mas não nos filiamos como membros, éramos apenas voluntários.

Libertação foi apenas o primeiro passo. Eu achei que aquilo era tudo, mas o Eterno foi nos levando a tantas outras revelações. Nunca imaginei que isso tudo iria acontecer com a gente.

O processo atual começou no início de 2008, quando li o livro Igreja orgânica, logo depois fiz um curso sobre Evangelho do Reino e depois li o livro Cristianismo pagão. Isso aconteceu quase tudo junto, em três ou quatro meses. Foi uma pancada na cabeça atrás da outra.

Tive respostas aos meus questionamentos mais profundos, e descobri que não estava maluca, não tinha problemas de relacionamento (como os sacerdotes religiosos gostam de afirmar sobre os revolucionários) e que não era a única insatisfeita. Descobri que havia um movimento no mundo todo, de pessoas saindo do sistema para manterem sua fé. Descobri que a insatisfação que eu tinha com o sistema religioso não era porque sou crítica demais ou desajustada, e que essa insatisfação na verdade estava sendo gerada pelo Eterno. Descobri que realmente havia algo errado com o sistema religioso e que muitas pessoas ao redor do mundo estavam voltando às raízes bíblico-judaicas e vivendo em comunidades pequenas, praticando a Torah, a comunhão, o partir do pão, em oração, simples, sem religiosidade, sem templos milionários.

Não foi muito fácil sair do sistema, mas não havia outro jeito para nós. Este caminho é um caminho sem volta, ou seguimos o que o Eterno está nos mostrando, ou ficamos trocando uma jaula pela outra e eternamente insatisfeitos. E nós queremos viver o que ele tem nos dado, o novo dele a cada dia, não queremos rejeitar nada.

Aconteceu também que outras pessoas que conhecíamos estavam vivendo o mesmo momento, e quando começamos a compartilhar essas coisas, entendemos que todos estávamos vivendo os mesmos conflitos, as mesmas angústias, mas cada um no seu canto, cada um se achando o mais problemático do mundo. E quando descobrimos que não estávamos sozinhos, começamos a nos encontrar apenas para conversar sobre essas coisas novas. E o Eterno começou a trazer textos e experiências de forma sobrenatural para nós. E fomos recebendo confirmação de que estávamos no caminho certo.

Além de começarmos aprendendo a guardar o shabat, também fomos aprendendo a cumprir a Torah, que para nós não foi abolida. E ainda estamos aprendendo, porque não temos realmente uma referência de como fazer isso e não queremos idolatria à Lei, – como muitos religiosos fazem –, queremos apenas cumprir a Torah. Não queremos seguir regras humanas e cheias de religiosidade. Buscamos o equilíbrio.

Aos poucos temos mudado nossos hábitos. Começamos a praticar a alimentação bíblica de Levítico 11, a alimentação kosher. Não comemos carne de porco, frutos do mar, peixe sem escamas, nem misturamos carne com leite e derivados. E aprendi com um nutricionista israelense a tirar o sangue da carne comum comprada no mercado, porque carne sem sangue desde o abate é difícil de encontrar no Rio de Janeiro.

Seguimos o calendário de Israel e não o gregoriano. Celebramos apenas as festas bíblicas de Levítico 23, que são decreto perpétuo, e não celebramos as pagãs, como por exemplo o Natal.

E o shabat tem sido um aprendizado progressivo. Estamos nos disciplinando para não fazer as coisas que todo mundo sempre reservou para o sábado, como fazer faxina, ir ao mercado etc. Aqui em casa – isso já há muitos anos, não só agora –, eu não lavo roupas, não vou ao mercado e não faço faxina aos sábados. Só se for uma grande emergência. Temos procurado descansar, visitar tios idosos, fazer boas ações. Também entendemos que shabat deve ser em família. Temos procurado fortalecer o conceito de família e na nossa visão não precisamos de um sistema religioso para ensinar a Torah aos filhos, isso é papel dos pais.

Não usamos mais o nome que entendemos ser de origem pagã (Deus), mas como não temos certeza absoluta ainda do nome original, porque há tanta polêmica e tantas opiniões diferentes, então usamos YHWH ou Eterno, até que tenhamos a plena convicção e confirmação de qual é o nome verdadeiro. Entendemos que nome próprio não se traduz, então, não queremos usar as traduções, queremos o nome original.

Claro que somos considerados malucos, hereges etc etc. Amigos e familiares religiosos não entendem o que estamos vivendo e alguns nem falam mais conosco. Não porque ficamos falando que eles deveriam viver o que nós praticamos, mas porque eles não aceitam o nosso posicionamento e querem nos convencer do contrário. O que tem acontecido é que eles nos criticam simplesmente por dizermos não a alguma coisa. Como aconteceu em um churrasco na casa de um parente, quando ele me ofereceu linguiça, eu disse 'não, obrigada'. E ele perguntou se a minha religião não permitia. Eu só disse que a Bíblia proibia. E como aconteceu no dia 31 de dezembro, quando uma pessoa me telefonou e perguntou onde eu iria comemorar o réveillon. Bem, eu só respondi a pergunta e disse que não comemorava mais o Ano Novo gregoriano. Aí tive que ouvir um sermão e a pessoa ficou um bom tempo sem falar comigo. E só respondi a pergunta, não falei mais nada, não a condenei por ela comemorar o réveillon, eu só disse que não comemoro e isso bastou para criar um problema. E várias pessoas me fazem um sermão e me acusam de estar seguindo 'seita', quando digo que agora acredito que não vou morar no céu, que vou reinar na Terra. Sempre peço que citem pelo menos meio versículo, só meio versículo, que diga claramente, com todas as letras, que os ser humano vai morar no céu, mas não tenho resposta.

Nós não obrigamos ninguém a fazer o que fazemos. Mas queremos ser respeitados na nossa posição. Se a pessoa quer comer carne de porco, que o faça, isso é problema dela, mas não pode querer que eu coma e deveria respeitar o meu direito de dizer não. Assim também em todas as outras coisas. Não sei porque se ofendem tanto com o fato de querermos obedecer e cumprir a Lei. Para nós a Lei não foi abolida.

Mas apesar de tudo isso, não trocamos o que temos vivido por nada deste mundo. Eu só posso dizer que nunca fui tão feliz, nunca me senti tão perto do Eterno e a cada dia ele me confirma de que estou no caminho certo, principalmente pelas perseguições que temos sofrido.

Capítulo 1.1 - Pré e pós-libertação

Libertação X Teshuvah

Pré e pós-libertação


A certeza de estar no caminho certo não tem preço. E a sensação de que "tem alguma coisa errada" ou "não pode ser só isso" de-sa-pa-re-ceu completamente. Não é tempo de reforma. É tempo de restauração, de retorno às raízes, ao original, é tempo de teshuvah.



Tenho observado que as pessoas dão muito valor ao momento de ministração de libertação, e parecem acreditar que só há libertação se alguém ora por elas, e pior ainda, tem gente que só acredita que foi liberto se houver "manifestação demoníaca", muito barulho e gritaria, e muito "efeito especial". Vê-se logo que quem acredita assim não entende nada sobre libertação e só conhece exorcismo e ministério do "sai-sai".

E libertação não é nada disso, libertação é confissão de pecados, simples assim. Libertação é um processo contínuo, quanto mais conhecemos a Verdade, mais somos livres. Muita gente pensa que é um ato único e diz que foi liberto, mas continua com pecados e não há muita mudança na sua vida.

Segundo Coty, a ministração de libertação em si representa apenas 10% do processo de libertação. Para mim o pré e pós-libertação são mais importantes que a própria ministração de libertação, e sem isso a pessoa pode não ter os resultados que esperava.

Mas infelizmente tenho encontrado pessoas que querem ser ministrados individualmente, mas não querem ouvir as palestras nos seminários de libertação, não querem fazer cursos e discipulado ou ler livros sobre o assunto. Querem uma solução micro-ondas, instantânea.

As palestras, cursos, livros etc são o pré-libertação. E para mim representam outros 40% do processo de libertação. Elas trazem a base bíblica para tudo o que é feito ali. Libertação é entendimento, é renovação de mente, e quem produz isso é o estudo da Palavra do Eterno.

E o pós-libertação representa os outros 50%. É quando começa o processo de santificação. E esse é o momento mais perigoso e mais difícil de todos, principalmente porque a pessoa não encontra apoio na igreja, na família, e falta discipulado de verdade para que a pessoa mantenha a libertação e tenha forças para abandonar seus pecados de estimação.

Acontece que esta geração está acostumada com fast food, micro-ondas, máquinas de refrigerante e café solúvel, e está assistindo a muitos filmes em que tudo acontece com um simples feitiço. Mas a vida espiritual não é assim, é “como a luz da aurora, que vai brilhando mais e mais, até ser dia perfeito”. Requer disciplina, treinamento, estudo, enfim, precisa de tempo e paciência.

É como uma terra que vai ser preparada para a semeadura. Primeiro retira-se o mato, as ervas daninhas, retira-se a plantação velha, e depois tem que preparar a terra, plantar e só então terá a nova colheita de frutos bons. E isso leva tempo. Assim é a vida após a libertação. A plantação velha foi retirada e o terreno, enfim, está pronto para ser tratado e ganhar novas sementes. Por isso o fruto novo pode levar tempo para ser evidenciado na nossa vida.

Então o lema deve ser: um dia de cada vez, "basta a cada dia o seu mal".

Capítulo 1.2 - Libertação pode não funcionar

Libertação X Teshuvah


Libertação pode não funcionar



Em minhas reflexões sempre perguntava ao Eterno sobre as pessoas que iam aos seminários de libertação e não mudavam depois, algumas até pioravam. E isso me deixava meio desanimada, porque às vezes parecia não funcionar. Mas fomos observando que as pessoas que não levantavam voo eram as pessoas que não queriam obedecer e largar os pecadinhos depois que voltavam dos seminários. Mas nosso entendimento ainda era pequeno, porque não estávamos plenamente na teshuvah.

Também observamos que algumas instituições religiosas praticamente iam à falência depois que recebiam seminários de libertação. Conheço de perto uma que se dividiu depois que fez o seminário e soube de outras que regrediram sensivelmente. E isso nos intrigava. E chegávamos à conclusão de que da mesma forma que as pessoas pioravam porque não queriam obedecer, acontecia igual nas instituições. E isso foi sendo confirmado ao longo do tempo, quando ficávamos sabendo de instituições e líderes religiosos sendo massacrados depois que começaram a fazer libertação.

Recentemente me assustei quando passei em frente a uma das instituições que mais realizou seminários de libertação em uma cidade vizinha e vi uma faixa enorme na porta, escrito em letras enormes e coloridas: "Revelation night". Enfim, o desespero por público e a falta de Torah levam a essas aberrações, a regredirem e se perderem no caminho.

Hoje olho para trás e começo a entender todo o processo. É exatamente a falta da Torah que provoca tudo isso. Eles fazem libertação, mas voltam a cair, ou ficam ainda piores, regridem, porque não sabem a que devem obedecer, não têm base, ou seja, falta alguma coisa, e o que falta é a Torah, a Lei. As pessoas e as instituições pioram porque elas não querem consertar, mudar de vida.

Sim, os líderes de ministérios de libertação também são culpados porque não ensinam o cumprimento de toda a Torah. Eles até falam dela, mas só de partes e não de toda a Lei. São até um pouco mais incisivos que os outros religiosos, mas ainda não falam e nem cumprem TODA a Torah, não falam sobre guardar o sábado, não comer alimentos impuros e falam pouco sobre as festas bíblicas. Não sei se eles ainda não receberam essa revelação ou se receberam e preferem não falar disso, para não criar polêmica, porque eles vivem do sistema e sabem muito bem que não seriam mais convidados se começassem a falar essas verdades.

É claro que hoje não concordo com tudo o que os libertadores ensinam, porque tenho outro entendimento. Mas continuo prestando atenção no que eles dizem e escrevem, porque sigo o conselho de examinar tudo e guardar o que é bom, guardar aquilo que se encaixa com as novas revelações que tenho recebido. E isso eu já fazia antes, agora mais ainda.

Mas o que está me deixando triste mesmo é ver que muitos dos libertadores e instituições que pregavam libertação estão regredindo. A ideia que tenho disso é que eles descobrem uma parte da verdade e começam a seguir, mas não se abrem para as outras partes da verdade que o Pai está trazendo à tona. Eles param naquilo e não evoluem. E como falta Torah, um dia começam a regredir, engolidos pelo sistema, contaminados pela mentiras de Babilônia. E isso acontece com todos eles. A maior prova que tive disso foi o email que recebi em 2012 de um líder de libertação em que deseja boas festas, defendendo o Natal e criticando quem não comemora. Aquilo foi um balde de água fria na minha cabeça.

E ainda tem a questão do orgulho e a vaidade dos líderes que se envolvem no sistema e da idolatria que as pessoas fazem a esses líderes. Tudo isso vai provocando em nós esse sentimento de decepção e dúvida nessas pessoas que nos ensinaram tanto, e agora estão ficando para trás, infelizmente.

Capítulo 1.3 - Carta aberta a Paul Washer

Libertação X Teshuvah


Carta aberta a Paul Washer



Querido irmão Paul,

Recebi o link para sua palestra, que chamaram de Pregação chocante, mas não tive tempo de assistir. E no domingo seguinte, no nosso grupo de discipulado, um jovem falou da palestra, que havia sido enviada pela nossa amiga também do discipulado. Fiquei curiosa e fui assistir. Foi uma pancada na cabeça, um soco na boca do estômago.

Concordo com você em tudo que disse. Você falou o que eu prego também. E, como você, tenho sido pregadora de apenas uma vez em algumas comunidades que me convidam para falar.

Mas quero defender alguns desses jovens, que aparentemente têm apenas um momento de emoção, mas na verdade tiveram um encontro genuíno com o Eterno. E eu conheço a dor deles.

Sabe, Paul, já vi muito jovens voltarem de encontros em que foram confrontados com a Palavra do Eterno e vi a sinceridade de suas decisões. Mas você deve imaginar, creio eu, o quanto é difícil voltar do 'monte' e encontrar o povo adorando o bezerro de ouro. Porque quando eles voltam para suas casas e igrejas, eles são roubados de tudo aquilo que receberam no encontro.

Eu já vi isso acontecer tantas vezes. E meu coração chora. Pais que criticam seus filhos, porque voltam querendo santidade, com sede e fome do Eterno, e começam a ler mais a Bíblia e não querem mais ficar na frente da televisão. E sabe o que muitos pais, que se dizem cristãos, fazem? Eles brigam com seus filhos. A pergunta preferida deles é: ‘Virou fanático?’ Uma mãe, cristã(?), teve a coragem de gritar com um pastor dizendo que queria sua filha de volta, porque sua filha havia voltado transformada de um encontro.

Já vi líderes de igrejas zombando de adolescentes e jovens que estavam buscando orar e estudar a Palavra. Por incrível que pareça, eu vi líderes proibindo alguns jovens de se reunirem nas salas da igreja, porque estavam orando demais. É verdade. Eu até falei sobre isso no meu livro. Coloquei o trecho aí embaixo.

Na verdade os jovens querem mais do Eterno, eles querem o sobrenatural, eles querem ser radicais, mas as igrejas não incentivam, elas até impedem. Como diz Rick Joyner, "a natureza espiritual, assim como a natureza física, será servida; neguem-lhe alimento, e ela engolirá veneno".

Na verdade esses jovens querem mais Bíblia e oração, mas seus líderes só querem saber de fazer festinhas e dizem que precisam fazer festinhas para segurar o jovem na igreja, porque é melhor ele se divertir na igreja, do que estar no mundo, e porque eles precisam mostrar para seus amigos não-cristãos que, mesmo sendo cristãos, eles também se divertem.

É claro que esses líderes nunca tiveram uma experiência sobrenatural com o Eterno. Porque quem tem uma experiência assim, não precisa de diversão do mundo. Eles não entendem que nossa diversão é outra. Como diz ainda Rick Joyner:

"É fácil discernir os que são chamados, porque eles sãos diferentes. Enquanto os outros estão crescendo espiritualmente, estes estão crescendo radicalmente. Enquanto outros estão se divertindo, eles estão estudando, orando... Essa é a diversão deles."

Posso me colocar como porta-voz desses jovens e dizer: ‘Chega de festinhas, nós não queremos mais festinhas, muito menos festas pagãs, queremos o sobrenatural do Eterno’. Nós queremos o Eterno e não importa o que vão pensar de nós.

Na verdade nós queremos pregadores que falem o que você falou. E nós queremos pregadores que vivam o que pregam. Nós queremos disciplina. Clamamos por isso. Mas aqueles que deveriam ser nossos exemplos não querem.

Nossos pais não querem filhos santos. Eles querem filhos "felizes", por isso fazem todas as nossas vontades. "Quer fazer tatuagem? Tudo bem, se isto te faz feliz". "Quer namorar? Tudo bem, melhor na minha frente do que escondido". Eles querem filhos com boas escolas, bons empregos e sucesso na carreira. Querem filhos que namorem os melhores partidos segundo os padrões do mundo, em que o sonho de genro e nora agora é jogador de futebol e modelo, ou seja, quem tem dinheiro. Eles não querem que seus filhos sejam educados como seus pais e a igreja do passado fizeram, com "não pode isso, não pode aquilo", porque o jovem se revolta e sai da "igreja" (na cabeça deles foi por isso que muitos saíram das igrejas e não por falta da presença do Eterno nas igrejas). Muitos nem querem ouvir falar desse negócio de "usos e costumes", porque não querem repetir os erros do passado, que os deixaram traumatizados. E jogam o bebê fora, junto com água do banho.

Acho que não existem pais como você, Paul, que diria isso ao seu filho, se ele quiser ser missionário. Nossos pais não querem filhos missionários, nem filhos profetas. Esses, então, nem pensar, porque vão ficar mostrando as coisas erradas que os pais fazem.

E não existem muitos pregadores como você. Os líderes também não querem discípulos santos, porque assim vão evidenciar a falta de santidade dos líderes. Discípulos profetas? De jeito nenhum, eles incomodam demais, ficam falando de pecado, são "insatisfeitos", "críticos", "problemáticos" e "desajustados", têm "problemas de relacionamento", "fanáticos".

Não. Se nem os nossos pais e líderes querem abandonar os prazeres do mundo, como é que os jovens vão abandonar? Se os pastores torcem para seus times de futebol no púlpito, exibem suas camisas do time do coração nas redes sociais, se muitos assistem aos jogos o dia todo (e se a boca fala do que o coração está cheio, por isso falam tanto de futebol nos sermões), como vão ensinar santidade?

Por isso eles autorizam festas e mais festas nas igrejas. "Baile funk gospel? Autorizado." "Festa à fantasia na semana anterior ao carnaval? Vai ter devocional? Ah, então pode, não tem problema." "Ensinar karatê na igreja? Ah, isso é bom, vai atrair aqueles que 'nunca' entrariam em uma igreja, vai evangelizar. Legal, dou o maior apoio." "Festa junina com outro nome? Sim, vamos fazer."

Imagine-se no lugar desses jovens, quando voltam do "monte" e seus amigos da igreja zombam deles porque eles resolveram viver a santidade. Imagine a pressão que é isso. É muito difícil. E, pior ainda, não poder contar com o apoio de seus pais e líderes evangélicos.

Os pais ou líderes oferecerem discipulado? Discipulado verdadeiro? Nem pensar, dá muito trabalho e implica em mudança de vida, implica em confrontar a vidinha mais ou menos que vivem.

Incentivo ao jejum? De jeito nenhum. Melhor incentivar à gula, fazendo festinhas com muita comida, ou indo quase todo sábado para rodízios de pizzas. Afinal, eles ensinam que crente não fuma, não bebe, mas cooooome. Eu já ouvi de um sem-número de cristãos e muitos líderes.

Mas imagine o conflito desses jovens. Eu me coloco no lugar deles e choro por eles. Porque o difícil não é ser radical para o mundo, para os amigos não-cristãos, o difícil é ser radical dentro de casa, com os familiares cristãos, e dentro das igrejas evangélicas, enfrentando a zombaria e crítica de quem se esperava incentivo e apoio.

É claro que também me coloco no lugar dos pais e líderes, porque sei o quanto é difícil não ter respostas. Por muito tempo, antes da minha libertação, eu não tinha coragem de falar que o Eterno mudou a minha vida, ou que ele era a resposta para os problemas, porque eu não podia falar daquilo que não vivia. E eu não vivia o sobrenatural. Não tinha respostas.

Fico imaginando a angústia de um líder, que tem que aconselhar um adolescente em suas crises existenciais, e chegar em casa e chorar, porque, apesar dos conselhos tipo "ora que melhora", "leia mais a Bíblia que isso passa", apesar de falar isso, ele mesmo tem um monte de crises, um monte de problemas, enfermidades, e nem mesmo consegue acreditar naquilo que falou e nem seguir seu próprio conselho.

Eu ainda não tenho todas as respostas, mas hoje já posso indicar um caminho, já tenho coragem para dizer que, se não encontrei a solução total, pelo menos podemos buscar juntos. E procuro viver o que prego. Quero chegar ao nível de poderem dizer que vivo o dobro do que prego, como diziam de Andrew Murray. Mas quero chegar lá e estou buscando isso.

Termino com o trecho do meu livro Libertação é confissão de pecados.

Shalom.

“Fico triste quando ouço pais e líderes criticarem seus filhos adolescentes que estão em busca de uma comunhão maior com o Eterno. Pais que pedem a seus filhos para não serem tão radicais, quando eles declaram abandonar alguma prática que consideram pecado ou um obstáculo para a santificação.

[...] Soube de pais preocupados porque alguns adolescentes decidiram não assistir a certos programas de televisão, quando eles deveriam é estar gratos a Deus por isso. Presenciei uma conversa de líderes que estavam criticando publicamente um grupo de adolescentes por estar orando muito e pedindo muito perdão. Eles questionavam como os adolescentes podiam ter tanto pecado para confessar.

Não sei o que esses pais e líderes temem. Normalmente ouço que eles têm medo de que os filhos se tornem fanáticos. Talvez confundam amor ao Eterno com fanatismo. Talvez estejam influenciados pela mídia, com as notícias de fanáticos religiosos que se envolvem cegamente em causas, nem sempre religiosas e sim políticas, e se tornam até suicidas. Mas, em vez de orientarem para que não haja o perigo desses adolescentes e jovens tornarem-se extremistas religiosos-políticos radicais, eles criticam, reclamam, zombam e até proíbem que haja reuniões de oração ou que os filhos participem de todas as atividades da igreja. Em vez de incentivarem essa busca pela santidade e o relacionamento íntimo com o Eterno, eles acabam empurrando seus filhos e seus liderados para o mundo, porque a pressão do mundo é muito grande e a concorrência nem sempre é leal.

Os pais e líderes deveriam refletir na confusão que acontece na cabeça de um adolescente quando, de um lado, seus pais e líderes o criticam por ser extravagante para com o Eterno e radical para com o pecado, e de outro lado estão os amigos da escola ou do condomínio convidando para festas, oferecendo drogas e às vezes zombando desse adolescente, porque ele decidiu não ter relações sexuais antes do casamento. E mais grave é quando esse adolescente sofre todas essas pressões negativas dentro da própria igreja e vê seus amigos cristãos fazendo o mesmo que os amigos não-cristãos.

Esses pais e líderes deveriam pensar nas consequências futuras, porque depois, quando esse adolescente se tornar adulto e passar a valorizar mais a carreira profissional, o clube, as viagens e não tiver mais interesse em um relacionamento com o Eterno, nem vai querer educar seus filhos nos caminhos do Eterno, então aqueles pais e líderes estarão nos cultos, pedindo oração pelos seus filhos que estão afastados da igreja. É claro que os pais e líderes não têm 100% de culpa, porque cada um é responsável por si mesmo diante do Pai, mas têm uma parcela de responsabilidade por essa pessoa ter se desiludido. E às vezes é um pouco tarde. Muitas lágrimas poderiam ter sido evitadas se os pais e líderes incentivassem mais e criticassem menos. Devemos buscar o equilíbrio, ou seja, não ter o exagero dos puramente emocionais, nem a frieza dos puramente intelectuais."

Capítulo 2 - Torah - Sobre a não-abolição da Lei

Sobre a não-abolição da Lei 



"Mas estes sectários... não se chamavam de cristãos - mas de 'nazarenos'... contudo, são simplesmente judeus completos. Eles não só usam o Novo Testamento como também o Antigo Testamento, como o fazem os judeus... Eles não possuem diferentes ideias, mas confessam tudo exatamente como a Torah descreve e na forma judaica – exceto, porém, por sua crença no Messias. Pois eles reconhecem tanto a ressurreição dos mortos quanto a criação divina de todas as coisas, e declaram que o Eterno é Um, e que o Seu Filho é o Messias. Eles são bem treinados no hebraico. Pois dentre eles a Torah inteira, os Nevi’im (Profetas) e... os Ketuvim (Escritos)... são lidos em hebraico, como certamente o são entre os judeus. Eles são diferentes dos judeus, e diferentes dos cristãos, apenas no seguinte: Eles discordam dos judeus porque chegaram à fé no Messias; mas como eles ainda estão na Torah – circuncisão, o Shabat, e o restante – eles não estão de acordo com os cristãos... eles não são nada mais do que judeus... Eles possuem as Boas Novas de acordo com Matitiyahu completamente em hebraico. Pois está claro que eles ainda preservam-nas no alfabeto hebraico, tal qual foram escritas originalmente." (Epifânio; Panarion29)




Vamos pensar juntos.

Ainda que Paulo estivesse falando mesmo sobre graça que não precisa cumprir a Lei. Ainda que não houvesse tanta falta de conhecimento sobre Paulo e também não houvesse tanta interpretação errada sobre o que ele escreveu. Ainda que tivéssemos acesso às cartas que as igrejas e pessoas escreveram para Paulo, porque só temos as respostas dele, não temos as perguntas. Ainda assim, você acredita mesmo que Paulo teria autoridade suficiente para abolir uma Lei que o Eterno decretou?

Imagine se o Eterno iria criar uma Lei com tantos detalhes, até sobre higiene, com tanta intensidade e minúcias, para depois alguém abolir a Lei sem dizer claramente que a Lei estava sendo abolida pelo próprio Eterno. Se o Pai foi tão criterioso para decretar a Lei, você acredita mesmo que ele iria revogá-la assim, de uma maneira tão sutil?

Eu acredito realmente que não. A Lei não foi abolida, nenhuma parte dela foi revogada. Se o Eterno não aboliu a Lei, por que então Paulo teria essa autoridade? Entre Paulo, ou o que interpretam dele, e o Eterno, fico com o Eterno.

O que é pecado

Para quem ainda pensa que não precisa cumprir a Lei e usa Mateus 5.17 como justificativa, peço que leia com carinho TODO o capítulo 5 de Mateus e pense se Jesus disse mesmo que não precisamos cumprir a Lei.

"Não pensem que vim abolir a Lei ou os Profetas; não vim abolir, mas cumprir. Digo-lhes a verdade: Enquanto existirem céus e terra, de forma alguma desaparecerá da Lei a menor letra ou o menor traço, até que tudo se cumpra. Todo aquele que desobedecer a um desses mandamentos, ainda que dos menores, e ensinar os outros a fazerem o mesmo, será chamado menor no Reino dos céus; mas todo aquele que praticar e ensinar estes mandamentos será chamado grande no Reino dos céus. Pois eu lhes digo que se a justiça de vocês não for muito superior à dos fariseus e mestres da lei, de modo nenhum entrarão no Reino dos céus. Portanto, sejam perfeitos como perfeito é o Pai celestial de vocês.” Mateus5.17-20,48

E comparem esta definição de pecado em várias versões da Bíblia: “Todo aquele que pratica o pecado transgride a Lei [Torah, Pentateuco]; de fato, o pecado é a transgressão da Lei [Torah, Pentateuco].” 1João3.4 

P.S.: Segundo o dicionário Houaiss:
"Pecar - cometer pecado, transgredir lei religiosa
Ex.: foram punidos porque pecaram (contra as leis de Deus)"

O que é graça 

Segundo Marcelo Miranda Guimarães, o sentido hebraico de graça pode ser entendido com este exemplo: Você me deve R$ 100,00 e diz que vai me pagar na terça-feira da próxima semana. Chegando no dia marcado, você não tem todo o dinheiro, mas conseguiu R$ 80,00. E então você me pede para eu perdoar o que falta, os vinte reais. Eu perdoo.

A graça é essa parte que ficou faltando para a pessoa pagar. É o perdão do que não conseguiu fazer. Não é perdoar a dívida toda, é perdoar o que faltou. Isso é graça.

Assim acontece conosco e o Eterno. Nós não somos liberados de cumprir a Lei, mas naquilo que não conseguimos fazer, aí entra a graça.

O Pai perdoa

Sim, o Pai perdoa SE confessarmos, SE pedirmos perdão.

Não sei quem inventou isso, de que o Eterno perdoa tudo, de que podemos pecar à vontade que Ele perdoa, mesmo se não pedirmos perdão. Não existe isso na Bíblia.

Ele só perdoa SE houver arrependimento e confissão.

Decreto perpétuo

"Disse o Eterno a Moisés: ‘Diga o seguinte aos israelitas: Estas são as minhas festas, as festas fixas do Eterno, que vocês proclamarão como reuniões sagradas. [...]" "Este é um DECRETO PERPÉTUO para as suas gerações, onde quer que morarem." Levítico23 - leia todo o capítulo (grifo meu)

‎"Diga aos israelitas que guardem os meus sábados. Isso será um sinal entre mim e vocês, geração após geração, a fim de que saibam que eu sou o Eterno, que os santifica. Isso será um SINAL PERPÉTUO entre mim e os israelitas, pois em seis dias o Eterno fez os céus e a terra, e no sétimo dia ele não trabalhou e descansou". Ex31.13,17 (grifo meu)

PERPÉTUO = 1. que dura sempre; eterno; 2. que não cessa nunca; contínuo; 3. que não se altera; inalterável; 4. que é vitalício. (Houaiss)

Capítulo 2.1 - Culpado de TODA a Lei? Será?

Torah


Culpado de TODA a Lei? Será? 



Um dos textos usados pelos que condenam os que querem cumprir a Lei, principalmente a guarda do sábado e a alimentação bíblica, é este: "Pois quem obedece a toda a Lei, mas tropeça em apenas um ponto, torna-se culpado de quebrá-la inteiramente." Tiago2.10.

Basta uma lida rápida em todo o capítulo para entender que o texto foi completamente retirado do seu contexto e usado com sentido totalmente contrário pelos religiosos. Leia e você vai ver claramente que o texto está defendendo o cumprimento de toda a Lei.

Mas quero continuar pensando no argumento que usam para condenar quem entende que a Lei não foi abolida, porque o texto é usado como ameaça: "Ah, então você tem que cumprir TODA a Lei, porque se falhar em um só mandamento vai ser condenado".

Bem, se fosse seguir isso que eles inventaram que o texto fala, então ninguém deveria cumprir um só mandamento da Lei. Será que entendi direito? Se eles dizem que a pessoa não deve cumprir a Lei porque não pode falhar um só mandamento, então não deve cumprir nada.

Se é assim, então por que ensinam que é pecado adulterar, matar, roubar? Pelo entendimento que os religiosos têm do texto de Tiago a pessoa poderia fazer tudo isso. Se não precisa guardar o sábado, então pode adulterar, cobiçar, fazer imagens de escultura etc etc, porque são partes de um mesmo contexto, de um mesmo capítulo.

Só me resta repetir: Teologia é o teólogo fingindo que explica e o povo fingindo que entende. Porque essa interpretação é impossível engolir e não passa pelo teste do contexto e da lógica.

Devemos obedecer a TODOS os mandamentos, inclusive guardar o sábado e não comer animais impuros. Não se pode escolher alguns para obedecer e outros para ignorar. A Lei não foi abolida. Ou então rasgue o chamado Antigo Testamento e jogue fora e siga apenas a má interpretação e deturpação que fizeram das cartas de Paulo.

E uma coisa muito importante, há mandamentos praticamente impossíveis de serem cumpridos na sociedade em que vivo, afinal estamos vivendo na diáspora, em um país que não obedece à Torah. Então procuro cumprir o que é possível, e o que não é, tento não me estressar com isso, peço perdão ao Eterno, peço misericórdia, mas ele sabe que quero obedecer e só não faço tudo porque não é possível, e impossível é diferente de não me esforçar e não querer.

Capítulo 2.2 - O risco em não cumprir a Torah

Torah


O risco em não cumprir a Torah 



Quem pensa que não precisa cumprir a Torah está correndo um grande risco. Se no final descobrirmos que eu (e todos que querem cumprir a Lei) estava errada e que não deveria cumprir a Lei, eu não perderia nada, ganharia apenas em qualidade de vida, porque cumprir a Torah é ter qualidade de vida, mas não creio que seria punida por ter buscado obedecer aos mandamentos, talvez até ganhe uns pontinhos a mais.

E não podemos anular parte da Lei, como as religiões fazem. Se é pecado matar, roubar etc, então também é pecado não guardar o sábado, comer carne de porco e outros animais impuros e o mesmo com os todos os outros mandamentos. E esse é o meu questionamento, não se pode escolher os mandamentos, um é bom, o outro não é, isso não existe. 

E o Eterno mandou obedecer a todos os mandamentos e não só os que eu gosto, essa é a questão. Resgatar a Torah, o Pentateuco, é isso, é resgatar os mandamentos que os homens inventaram que foram abolidos. E por que fizeram isso, por que rejeitaram alguns e adotaram outros?

E até que me provem o contrário, cumprir a Lei não é pecado. Aliás, pecado é não cumprir a Lei, como diz 1João3.4: "Quem peca é culpado de quebrar a Lei do Eterno, porque o pecado é a quebra da Lei" (se a sua versão não diz isso, leia outras várias versões e compare). E até Jesus falou isso tão claramente, como em João14.15: "Se vocês me amam, obedecerão aos meus mandamentos", e em muitos outros textos parecidos.

Mas se eu estiver certa, quem não cumpre a Torah vai perder muito, muito mesmo. Vai arriscar? O risco é muito grande. Eu não arriscaria.

Capítulo 2.3 - Querem as bênçãos, mas não querem a disciplina

Torah



Querem as bênçãos, mas não querem a disciplina 


"Enquanto escondi os meus pecados, o meu corpo definhava de tanto gemer. Pois de dia e de noite a tua mão pesava sobre mim; minha força foi se esgotando como em tempo de seca." Salmo32.3,4
"Por causa de tua ira todo o meu corpo está doente; não há saúde nos meus ossos por causa do meu pecado. As minhas culpas me afogam; são como um fardo pesado e insuportável. Minhas feridas cheiram mal e supuram por causa da minha insensatez." Salmo38.3-5
"Todas estas bênçãos virão sobre vocês e os acompanharão, se vocês obedecerem ao Eterno, o seu Pai: Vocês serão abençoados..." Deuteronômio28.2,3a



Nesses últimos anos muitas músicas foram feitas com esse texto de Deuteronômio. Muitas mesmo. E as pessoas passaram a acreditar nessa promessa. Mas eu queria entender como acreditam que vão ser abençoadas.

O texto diz SE obedecerem, essas bênçãos os acompanharão. Se obedecerem a quê? Eu realmente queria entender. Porque há um ensino predominante de que a Lei, os preceitos, os mandamentos do Eterno não são para a igreja de hoje, dizem que a Torah foi somente para o povo de Israel e o povo daquela época. Apesar de pregarem a obediência aos nove mandamentos. Sim, porque o quarto mandamento (guardar o sábado) foi rejeitado por esse ensino predominante. Até acreditam que trocaram o sábado pelo domingo, mas não guardam o domingo, porque no domingo deve ser o dia que o religioso mais trabalha: é culto de manhã, culto à noite, reunião disso, reunião daquilo, ensaio, evangelismo etc etc. Ufa. Como se tivessem que fazer no domingo tudo o que não fazem durante a semana. Enfim, essa não é questão...

A questão é que o texto citado está falando de obediência às instruções da Torah [Pentateuco], que está dentro do que eles chamam de "Antigo Testamento". Então, pela lógica, se estão cantando um texto do "Antigo Testamento", devo entender que a Torah  deve ser obedecida para que essa promessa do texto se cumpra. E a Torah, a Lei de Moisés, é muito maior do que os chamados Dez Mandamentos (sendo que para eles só nove são válidos, lembra?), há muitos outros mandamentos ignorados, como os que falam dos animais impuros, as festas bíblicas como estatuto perpétuo, e muitos outros que foram abolidos pelos religiosos, mas não foram abolidos pelo Eterno. Sim, há mandamentos impossíveis de cumprir hoje em dia, e falo sobre isso neste texto, mas isso não significa que não devemos cumprir os que podemos. Uma coisa é querer, outra é não poder.

Então eu realmente não entendo essas músicas. Porque quando eu falo que a Torah diz que não devemos comer carne de porco, os religiosos me olham atravessado e às vezes zombam de mim. Quando falo que devemos guardar o sábado, perguntam se virei sabatista etc. Então, o que acreditam que se deve obedecer? Alguém me explica, por favor (pergunta retórica rsrs).

E aí vem a segunda questão. Deuteronômio 28 tem 68 versículos. De 1 a 14 fala de bênçãos. De 15 a 68 fala de maldições. Então eu pergunto: quando é que vão fazer uma música sobre esses outros - peraí que vou abrir a calculadora - 54 versículos?

Porque também quando falo que as doenças são consequências de pecado, me olham esquisito e começam o discurso do "não tem nada a ver" e dão aulas sobre medicina. Mas os hospitais estão cheios de religiosos doentes, e muitos podiam não estar doentes se apenas reconhecessem o pecado, pedissem perdão e procurassem não repetir o erro. Tanta gente doente sem saber o motivo, mas era só fazer um bom exame de consciência e perguntar ao Eterno onde foi que errou, e poderia não estar sofrendo com tantas enfermidades e tragédias. Até uma simples dor de barriga pode ser consequência de algum pecado. Mas infelizmente os religiosos ensinam erroneamente que não se deve perguntar o porquê das enfermidades e tragédias, então não descobrem as causas e não podem ficar livres das consequências dos seus pecados.

Triste isso, o povo sendo enganado dessa forma, muito triste. Tanta gente sofrendo por falta de conhecimento, por causa de uma teologia da graça barata. Mas em Deuteronômio 28 tem uma lista enorme de doenças em consequência da desobediência à Torah. Quase todas as maldições falam de enfermidades. Já leu?

P.S.: E mais triste ainda é quando a pessoa está sofrendo um castigo tão óbvio, que só não vê quem não quer, porque a pessoa está sofrendo exatamente pelo que fez outra pessoa sofrer, ou ela vive a mesma situação de alguém que foi vítima de uma mentira que ela falou, prova do próprio veneno, ou o castigo é tão "olho por olho" e a pessoa não percebe, não reconhece seu pecado, não conserta o que fez de errado, ou não restitui o que roubou da outra. E a pessoa passa por um castigo às vezes bem difícil e por um sofrimento que poderia ter sido evitado com um simples pedido de perdão.

Então eu ainda não entendi. Cantar que as bênçãos me seguirão pode (se eu obedecer, é claro, mas isso não está nas músicas), cantar que as maldições me atingirão se eu não obedecer, isso não pode. É, realmente ficou difícil de entender. São dois pesos e duas medidas? E onde fica o "se obedecerem"? Queremos que as bênçãos nos sigam, mas não queremos obedecer.

Sei lá, às vezes penso que lemos bíblias diferentes.

Enfim, você pode me criticar, zombar de mim, que vou continuar perseguindo a obediência. Eu quero obedecer, porque quero ser abençoada com todas as bênçãos de Deuteronômio 28, quero qualidade de vida, e não quero as maldições que estão lá no texto. E obedecer à Torah significa qualidade de vida. Ainda não cheguei lá, mas vou chegar. E eu obedeço por amor, não por legalismo. Quero chegar ao nível de Davi e dizer "quanto amo a tua Lei", "a Lei do Eterno é perfeita" (Salmo 119 fala disso o tempo todo, leia).

Estou cansada de religioso hipócrita. Estou cansada das zombarias por eu querer obedecer. Estou cansada mesmo. Se você não quer obedecer, problema seu. Mas lembre-se que também está escrito:

"Entretanto, se vocês não obedecerem ao Eterno, o seu Pai, e não seguirem cuidadosamente todos [TODOS] os seus mandamentos e decretos que hoje lhes dou, todas estas maldições cairão sobre vocês e os atingirão: Vocês serão amaldiçoados..." Deuteronômio28.15

Capítulo 2.4 - Cristãos fora da Lei

Torah


Dica de vídeo:
Cristãos fora da Lei



Principalmente sobre o quarto mandamento. Parece grande, mas o vídeo tem outras coisas além da mensagem, vale a pena, ouça.

Capítulo 2.5 - Dica de leitura: Um ano bíblico

Torah - outros autores


Dica de leitura: Um ano bíblico
A. J. Jacobs - Editora Agir (8522009252) 





"De família judia, mas declaradamente agnóstico, A.J. Jacobs se propôs a dar cabo a uma tarefa insólita: reunir todas as regras da Bíblia, de Gênesis a Apocalipse, e segui-las à risca durante um ano. Neste bem-humorado livro, Jacobs descreve seu dia a dia como um bíblico fundamentalista e experimenta uma espiritualidade à qual não estava acostumado." (divulgação)

Há muito tempo que não mergulhava em um livro excelente assim. Não conseguia parar de ler e acabei a leitura em dois dias. Quando li as primeiras cem páginas escrevi nas redes sociais que ele estava entre os cinco melhores livros que já li, mas agora que cheguei ao final preciso atualizar o ranking: é o segundo melhor livro que li em toda minha vida. O primeiro ainda não sei qual é, rsrs, tenho tantos livros preferidos, fica difícil, talvez seja o mais lido por mim e o meu queridinho da infância, O meu pé de laranja lima. (Antes que me mandem para a fogueira, a Bíblia não entra nessa competição, até porque não é um livro e sim uma biblioteca, então para ser justa eu teria que dar nota a cada livro separadamente.)

Um ano bíblico é praticamente perfeito. Simplesmente é a nossa história, a história de quem está fazendo teshuvah, como eu. Eu me vi descrita ali, as pesquisas e conclusões sobre traduções da Bíblia, as decisões sobre a quem deveria obedecer, lei escrita ou lei oral, a busca pelo equilíbrio. Os mesmos questionamentos sobre o sistema religioso. Muitas situações engraçadas na dificuldade em cumprir alguns mandamentos. Eu ri e chorei o tempo todo, e chorei mais no final, porque há uma situação muito triste.

Em um tempo em que pessoas no mundo inteiro estão sendo despertadas para um retorno às raízes bíblicas, à Torah, o livro é um presente muito especial. Quem está fazendo teshuvah precisa ler, e quem quer entender os que estão fazendo teshuvah deveria ler também.

Ok, o livro só não é perfeito porque a versão da Bíblia que usaram não seria a minha escolhida; lembro de dois errinhos da linguagem escrita de doer os olhos; a equipe de tradução parece não ter muito conhecimento em judaísmo e cristianismo evangélico, porque alguns termos usados, algumas palavras traduzidas do hebraico e alguns nomes bíblicos ficaram estranhos para quem está acostumado com o "evangeliquês" e com o "teshuvês". Fora isso, com já disse, é praticamente perfeito.

O estilo do autor é uma delícia e sua esposa merece um prêmio por toda a sua contribuição, principalmente pelos momentos engraçados. Conseguia imaginar suas expressões faciais em cada situação e me diverti muito com ela.

E claro que termino com minha frase preferida depois de um livro excelente ou um filme lindo: quero ler (ou ver) de novo, de novo, de novo e de novo.

Trechos de Um ano bíblico, de A J Jacobs:

“Parece que na Israel antiga – antes de os romanos assumirem – ninguém pagava impostos propriamente ditos. Os dízimos eram os impostos. E o sistema de dízimos era tão complicado quanto um formulário de declaração de imposto de renda. Repartia-se com os sacerdotes, com os mantenedores do templo, com o próprio templo em si, com os pobres, as viúvas e os órfãos. Portanto, suponho que, ao menos por enquanto, é provável que dar o dízimo após os impostos esteja certo.”

“Saio cedo da reunião – devo cuidar do meu filho –, mas retorno na semana seguinte para bater um papo com Ken. Ele me explica que sua jornada em direção ao ateísmo começou quando, ainda criança, descobriu que Papai Noel não podia existir.
— Simplesmente não era viável entregar todos aqueles presentes. Isso foi bem antes de surgir o FedEx.
Assim, Ken percebeu a falsidade do Papai Noel devido a falhas de logística.
— Comecei a me perguntar: o que mais eles estão me contando que não pode ser verdade? – continua.”


“Percebi que estava me parecendo com o que se conhece em hebraico como um chassid shote. Um idiota correto. No Talmude há uma história a respeito de um homem piedoso que não salvaria uma mulher que estivesse se afogando porque temia estar quebrando a proibição de não tocar em mulher. O exemplo supremo de um tolo religioso.
A moral da história é a mesma da parábola de Jesus sobre o Bom Samaritano: não se deixe prender tanto às regras a ponto de esquecer das coisas mais importantes, como a compaixão e o respeito pela vida. O idiota correto é como a Bíblia cristã chama o fariseu – um dos santarrões hipócritas e legalistas que criticavam os seguidores de Jesus por colher grãos de trigo durante o sábado judaico.”


“Levei três segundos para comer cada cereja. Três segundos para comer, mas pelo menos cinco anos para serem produzidas. Parecia injusto com relação ao trabalho duro da cerejeira. O mínimo que eu podia fazer era dedicar toda minha atenção à cereja durante aqueles três segundos, realmente apreciando a acidez da casca e o ruído de quando tritura a fruta. Acho que isso se chama estar cuidadosamente atento, ou estar presente àquele momento, ou ainda tornar o mundano sagrado. Seja o que for, estou fazendo mais disso. Assim como a ridículoa e enorme lista de agradecimentos para o meu homus tahine, o tabu das frutas me fez ficar mais consciente de todo o processo de produção, da semente, do solo, dos cinco anos regando e aguardando. Eis o paradoxo: eu pensava que a religião me faria viver mais com a cabeça nas nuvens, mas na maioria das vezes ela me prende a este mundo.”

Leia também
Alguns trechos do livro
Pastor pregava segurando cobras morre de mordida de cascavel. O Globo (o livro cita esse pastor)

Capítulo 3 - Sobre os alimentos impuros

Kosher: alimentação bíblica


Sobre os alimentos impuros 


“O problema é que os alimentos proibidos estão ocultos em toda parte. Há bacon à espreita nos molhos prontos de salada. A gelatina é algumas vezes extraída de ossos de porco, portanto pode-se argumentar – e muitas vezes se argumenta – que ela é proibida. E gordura de porco? Isso me aterroriza. Como a conversa típica que tive com uma garçonete num restaurante do centro da cidade:
— Você sabe dizer se a massa da torta salgada é feita com banha de poco?
— Acho que não, mas vou verificar.
— Obrigado! Não posso comer gordura de porco.
— Alergia?
— Não, Levítico."
A J Jacobs, em Um ano bíblico



Vamos continuar pensando sobre a Lei.

Sempre que falo que não como carne de porco, camarão e outros animais que a Torah proíbe, ouço a frase padrão sobre o episódio dos animais no lençol na visão de Pedro: "Não torneis impuro o que eu purifiquei" (Atos10).

Primeiro, o contexto não é sobre comida, de jeito nenhum.

Segundo, ainda que fosse sobre comida, o Eterno não disse que ele purificou TODOS os animais que eram impuros no mundo inteiro, logo ele teria purificado APENAS aqueles do lençol, aqueles que ele mandou Pedro matar e comer.

Terceiro, ainda que fosse mesmo sobre comida, interessante é que o texto não diz que Pedro comeu. O lençol foi recolhido ao céu e ele entendeu o significado da visão e foi obedecer, indo à casa de Cornélio.

E o mais interessante ainda desse texto é que Pedro, apóstolo de Jesus, que vivia no tempo da graça como gostam de dizer, declarou com TODAS as letras que obedecia à Torah, porque ele disse que jamais comeu algo impuro ou imundo.

Decididamente é muita forçação de barra, como diriam os adolescentes, dizer que esse texto autoriza comer os animais impuros. Muita mesmo.

Novamente repito que o Eterno não iria revogar uma Lei tão grande e importante de uma forma tão sutil como uma VISÃO de um lençol cheio de animais.

Definitivamente, a Lei não foi abolida.

E minha amiga Lígia ainda observa que Pedro não comeria uma VISÃO.

E meditando sobre o assunto, lembrei-me das inúmeras vezes que ouvi, na escola dominical ou em sermões, ensinarem que não se deve criar doutrinas com base em um livro histórico como Atos. Se não devemos criar doutrinas também não devemos considerar o mandamento da alimentação bíblica abolido por uma experiência em um livro histórico.

E já perceberam que os animais que o Eterno nos proibiu comer são os lixeiros da natureza? Porco, camarão, bagre, cação, urubu etc. Assim entendemos porque o meio ambiente está tão poluído, as pessoas comem seus lixeiros e ainda jogam lixo nos rios e mares. Está explicado.

Capítulo 3.1 - As leis sanitárias de Moisés

Kosher: alimentação bíblica - outros autores


As leis sanitárias de Moisés




1.“Foi outrora proporcionado aos Hebreus um conhecimento incomum em matéria de medicina, por meio de seu profeta Moisés. Rudolph Virchow, conhecido como ‘pai da patologia moderna’, disse: ‘Moisés foi o maior higienista que o mundo já viu’. Dependendo de conhecimento revelado e destituído de equipamento científico, Moisés ensinou, em seus pontos essenciais, quase todos os princípios de higiene praticados hoje. Entre eles encontramos a prevenção de doenças, desinfecção pelo fogo e pela água, controle epidêmico mediante denúncia e isolamento dos portadores de doenças contagiosas, seguida de completa desinfecção de todos os objetos possivelmente contaminados. O asseio pessoal era imposto, e obrigatório o sistema de esgoto, de maneira que o arraial dos judeus era asseado como o são as cidades modernas. Conquanto se provesse exercício físico, impunham-se freqüentes períodos de descanso e relax para evitar o excesso de trabalho”. – Dr. Owen S. Parrett, Diseases of Food Animals, p. 7 (Southern Publishing Assn., Nashville, Tenn., 1939).

“Os hebreus eram antigamente o povo mais asseado, e mesmo hoje seus padrões antigos não dão muita margem para aperfeiçoamento. O israelita tomava pelo menos um banho por semana, pois era-lhe ordenado fazer uma limpeza geral na véspera do Sábado. Se um doente cuspisse numa pessoa, esta tinha de banhar-se. (Lev. 15:8). Era obrigatório o banho para a pessoa que tocasse num cadáver, quer animal, quer humano”. – Charles D. Willis, “Moses and Medicine”, em Signs of the Times, 17 de abril, 1951, p. 6.

“Moisés ordenou que todas as pessoas portadoras de doenças contagiosas fossem isoladas. Por certo que a ciência não pode aperfeiçoar esta praxe. Não só ao paciente era imposta a quarentena, mas a todos os que com ele tinham tido contato” – Ibidem.

2. O estudo meticuloso dos escritos de Moisés revela conceitos médicos e princípios sanitários muito avançados em relação aos que prevaleciam em seus dias. Quanto à função do sistema circulatório: “A vida da carne”, escreveu ele, “está no sangue”. Lev. 17:11.

O médico britânico Dr. Wm. Harvey (1578-1657), conseguiu pela primeira vez rastrear o sistema circulatório no organismo humano: O sangue é o veículo da vida. Essa descoberta é considerada um marco notável na ciência médica, entretanto o mesmo princípio já se achava incorporado no texto acima dos escritos de Moisés, há mais de 3.000 anos.

Moisés e o isolamento

3. O eminente cientista francês Louis Pasteur (1822-1895), o “pai da bacteriologia”, foi o primeiro a descobrir alguns segredos da vida microbiana. Essa descoberta revolucionou a moderna terapêutica médica; e baseados neste importante aperfeiçoamento, os princípios do isolamento foram adotados e aplicados, sendo que Moisés já havia dedicado dois capítulos inteiros, Lev. 13 e 14, orientando sobre os princípios que deveriam ser tomados em caso de enfermidades (como a lepra - que era o flagelo do Oriente).

A Cirurgia Moderna e os Escritos de Moisés

4. A cirurgia moderna “nasceu” em 1842, quando o Dr. Crawford W. Long pela primeira vez aplicou a anestesia, por ele inventada.

5. Entretanto, mesmo a cirurgia moderna e seu uso da anestesia encontram um ilustre precedente nos escritos de Moisés. Em Gên. 2:21, 22, encontramos:

“Então o Senhor D’us fez cair pesado sono sobre o homem, e este adormeceu; tomou uma das suas costelas, e fechou o lugar com carne. E a costela que o Senhor D’us tomara ao homem, transformou-a numa mulher, e lha trouxe”.
6. D’us efetuou essa operação, aplicando a “anestesia” – “o Senhor fez cair pesado sono sobre o homem, e este adormeceu” – no paciente, Adão. Convém lembrar que isso que pode ser chamado cirurgia se efetuou cerca de 6.000 anos antes que a ciência médica sequer sonhasse com as potencialidades da cirurgia.

Alimentos Limpos e Alimentos Imundos

7. As leis dietéticas de Moisés estão registradas em Lev. 11 e Deut. 14. faria bem a humanidade se descartasse todos os alimentos aí proibidos.

8. “Quanto aos crustáceos, o tifo atribuível à ingestão de ostras infectadas é tão comum que dispensa comentário, e do uso de lagostas, caranguejos e outros alimentos proibidos resultam não infreqüentemente casos graves e às vezes fatais de indigestão aguda, provando a base higiênica e a justeza das instruções dadas por Moisés”.Dr. O. S. Parrett, Diseases of Food Animals, p. 8

Quanto aos peixes que não tenham escamas nem barbatanas, “o Dr. Davi Macht, notável autoridade em matéria de tóxicos de drogas e animais, espremeu os tumores orgânicos de 70 espécies de peixes e os injetou em ratos, usando-os também em plantas novas. Extratos dos tecidos de peixes tóxicos mataram alguns dos ratos e retardaram o crescimento das plantas. Constatou-se que os extratos de peixes comestíveis não tinham efeitos nocivos, nem em ratos nem em plantas. Analisados os resultados desse estudo, descobriu-se que todos os extratos tóxicos provinham de peixes sem escamas, e em alguns casos também sem barbatanas. Concluiu o Dr. Macht: ‘Parece existir alguma base científica para a antiga classificação de peixes comestíveis e não comestíveis, isto é, os que têm escamas e os que não as tem’ – C. D. Willis, “Moses and Medicine”, em Signs of the Times, 17-04-1951, pp. 5, 6.

9. Quando Moisés tirou os filhos de Israel do Egito, para o deserto, deparou-se-lhe o problema de salvaguardar-lhes a saúde. Fê-lo, primeiro de tudo, proibindo o comer vários animais impuros, como o porco, o coelho e os mariscos. Só em 1847 foi que José Leidy descobriu no porco o germe parasita Trichinella spiralis.

10. A carne de porco infectada pela triquina, não cozida suficientemente, muitas vezes produz a triquinose, cujos horrores deviam ser conhecidos de todos. Não menos de uma pessoa dentre cinco, nos Estados Unidos, sofre de alguma forma de triquinose. De quando em quando se lê ou ouve de inteiras famílias que foram extintas por essa temível enfermidade.

11. “Muito rigorosa inspeção dos alimentos era efetuada pelos sacerdotes, que serviam como funcionários sanitaristas. Ainda hoje recorremos a Moisés como autoridade em matéria de alimentos cárneos chamados limpos e imundos. ... nos Estados Unidos a ocorrência da triquinose entre adultos se calcula em 25%, segundo pesquisa de dois médicos de S. Francisco (McNaught e Anderson), publicada no Journal of the American Medical Association. Exames post-mortem feitos por esses médicos em pedaços de músculos do diafragma de 100 corpos, mostraram que 23 tinham triquinas, e em outros 100 puderam demonstrar 25 casos positivos. Durante a vida, nenhuma dessas pessoas tinha suspeitado a triquinose, e no entanto de todas elas, independente da extensão de tempo decorrido desde a infecção, se observaram sob microscópio larvas vivas, enrolando-se e desenrolando-se. De cada cinco lingüiças de porco, dos melhores mercados, uma continha triquinas vivas.” – Dr. O. S. Parett, Diseases of Food Animals, pp. 7, 8.

12. “... Uma jovem de 18 anos ficou tão mal que foi levada ao hospital, onde, devido à grave infestação do diafragma, sua dispnéia se agravou tanto que ela teve que receber inalações de oxigênio três vezes, a fim de conservar a vida. Um pedacinho de músculo tirado de seu deltóide, ou músculo do ombro, acusou infestação de triquinas. Suspeitava-se a princípio que a família tivesse gripe ou reumatismo muscular. Esse erro é provavelmente cometido muitas vezes em casos leves de triquinose, que provavelmente afeta uma pessoa dentre quatro, no campo.” – Ibidem, pp. 8,9

13. “Comida a carne de porco infestada, os germes são pela digestão gástrica, liberados no estômago do hospedeiro, onde se unem machos e fêmeas, seguindo-se a produção de grande número de larvas. Através da corrente do sangue ou dos vasos linfáticos essas larvas rapidamente migram para os tecidos, encontrando alojamento especialmente no músculo do diafragma. Na maioria dos casos são precisos mais de mil larvas para produzir sintomas.” Idem, pp. 9, 10.

14. “No esforço de afastar os porcos infestados de triquinas, ou os piores dentre eles, fez-se por algum tempo uma tentativa de examinar microscopicamente os tecidos de cada porco. Esse esforço teve de ser abandonado como impraticável e por demais oneroso, e assim o departamento da Agricultura, em um boletim sobre triquinose, diz que ‘nenhum sistema viável já se descobriu, para proteger do perigo da triquinose os que ingerem carne de porco crua ou cozida insuficientemente’. No mesmo boletim mostra-se que na Alemanha, onde é efetuado sistematicamente o exame microscópico da carne de porco, em dezessete anos ocorreram 6.329 casos de triquinose, 32% dos quais foram de carne inspecionada, que fora liberada como isenta de infestação de triquinas.” Idem, pp. 10, 11.

15. Nos tempos antigos, os que ousavam passar por alto a proibição divina, de comer carne de porco, eram por Deus designados como:

*“Povo que de contínuo Me irrita abertamente, ... come carne de porco, e tem no seu prato ensopado de carne abominável.” Isa. 65:3, 4.

16. Os que têm a carne de porco como fina iguaria, alegam que sob as leis sanitárias modernas, a carne de poço é diferente do que era nos dias de Moisés. Essa alegação é raciocínio fantasioso, pura ficção. As leis sanitárias não podem mudar a natureza do porco, que é pelo D’us de Israel declarado imundo.

Proibido o Sangue como Alimento 17.“Qualquer homem... que comer algum sangue, contra ele Me voltarei e o eliminarei do seu povo. Porque a vida da carne está no sangue. Eu vô-lo tenho dado sobre o altar, para fazer expiação pelas vossas almas: porquanto é o sangue que fará expiação em virtude da vida”. Lev. 17:10, 11.

O sangue constantemente transporta impurezas que se acumulam no tecido muscular dos animais, e visto como as enfermidades no reino animal estão aumentando em proporção relativamente alarmante, o sangue acha-se carregado de germes de muitas espécies.

Proibida a Ingestão de Gordura Animal

18. Veja Lev. 7:23, 24.
Muito se tem dito e escrito ultimamente sobre o colesterol, elemento do corpo que pode aumentar grandemente pela ingestão de gordura animal. O resultado desse estado é muitas vezes o endurecimento das artérias. Este mal se relaciona com enfermidades como angina péctoris e é causa de doença cardíaca da coronária, muitas vezes seguida de morte súbita, e causa freqüente de perturbações dos rins e apoplexia.

19. Em seu Commentary on The Authorized Daily Prayer Book (edição revista), o antigo Rabino-Chefe do Império Britânico, Dr. José H. Hertz, diz: “Um antigo motejo, revivido modernamente e usado como argumento final contra as leis dietéticas é ‘Não é o que entra pela boca o que contamina o homem, mas o que sai da boca, isto, sim contamina o homem’. ... sustem ele que um veneno que entre pela boca, por certo que contamina, e classifica a intoxicação de grupos como uma especialmente detestável espécie de homicídio. Semelhantemente a ciência condena as frutas imaturas, o leite adulterado, alimentos deteriorados – coisas que entram pela boca. Mesmo muitas igrejas cristãs têm, por mais de 100 anos, travado acérrima luta contra o inimigo que os homens levam aos lábios para entorpecer o cérebro, isto é, o álcool. E quanto às palavras ‘o que sai da boca contamina o homem’, basta recordar o fato de que da boca vêm palavras que erguem o homem acima dos irracionais, a oração que une o homem ao seu Criador, palavras de animação e fé dirigidas aos tomados de tristeza.

“... Demais, como é no sangue que circulam os germes ou esporos de doenças contagiosas, a carne deve ser limpa de sangue. Isto é, efetivamente, praticado pela Shechitah, amaneira judaica de abater animais para consumo. Esse método de drenagem do sangue, apenas produz no animal instantânea insensibilidade. E essa drenagem do sangue é completada pelo ‘kasherut’, o tratamento tradicional do animal abatido segundo o sistema "kosher", quando preparado para alimento. As estatísticas têm demonstrado que os judeus, como classe, são imunes a certas doenças, ou menos suscetíveis; e autoridades competentes não têm hesitado em atribuir essas características sadias à influência das leis dietéticas”.– P. 961 (Bloch publishing Co., Nova Iorque, 1948)

20. A pessoa descobre logo se sua própria inclinação, apetite e desejos, são o princípio dominante de sua vida. Somos levados face a face com o preceito: “Não terás outros deuses diante de Mim”. Êxo. 20:3.

21. Em Lev. 11:1-23, mostra-nos o que é lícito comer, e o que não devemos comer. Note as palavras que “Falou o Senhor a Moisés e a Arão...”.

22. O Senhor prometeu a Israel que, se fossem obedientes a todas as Suas leis e estatutos, Ele não deixaria que nenhuma das doenças dos egípcios os afligisse.

23. Leia em Êxo. 15:26 a afirmação acima.

24. A saúde pública era questão muito preeminente no acampamento de Israel. Por certo que contribuía para que, com a bênção de D’us, não houvesse: “entre as suas tribos... um só inválido”.Salmo 105:37 (H).

25. Nosso Pai celestial deseja que Seus filhos gozem abundante saúde. Isto nós melhor conseguimos se obedecermos às instruções que nos são dadas nas Santas Escrituras, as quais contêm a sabedoria e o conselho d'Aquele que declara: “Eu sou o Senhor que te sara”.Êxo. 15:26.

Que o Deus de Abraão, Isaque e Jacó ajude cada um de nós a ver a plena formosura das leis sanitárias, tão graciosamente providas à humanidade! Sejamos inabaláveis, mental, moral e fisicamente ao aderirmos às provisões do Céu! Deste modo seremos abençoados fisicamente, e também receberemos de D’us as bênçãos espirituais.

Fonte: INSTITUTO DA HERANÇA JUDAICA
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